Treino de Alef L Müller e Kyros A. Weisen

Aquele que enfrenta monstros deve tomar cuidado para não se tornar um. E quando se olha muito tempo pro abismo, o abismo de olha de volta

Havia retornado da missão, e agora tinha uma nova arma. Bem, não era exatamente uma arma, era uma Katana de ouro imperial, que estranhamente se transformava em um garoto. Ele não era só um garoto robótico ou algo do tipo, ele era uma pessoa de verdade, com personalidade de verdade.

Virava uma Katana sempre que eu falava “Sekki”, Sua forma humana... bem... era esse o problema, precisava arrumar um nome para ele. Porém, naquele dia, iria testá-lo em combate. Sai com ele da quinta coorte e caminhamos lentamente até a Arena, local de encontro com Alef, meu melhor amigo.

Usava uma camisa roxa do acampamento calças e levava apenas Sekki comigo. Ao chegar lá olhei rapidamente para todos os lados da Arena vazia, só ele estava lá, talvez fosse melhor assim.

- Olá. – sorri para ele e o garoto que me acompanhava acenou timidamente – Pronto pro treino?

Arma:

Obra de @LYRA

Era impressão minha ou o tempo estava esfriando? Praguejei baixinho, suspirando alto, havia acordado cedo apenas com um único intuito : Treinar. Porém fui pego de surpresa ao encontrar um bilhete de Kyros, meu melhor amigo, avisando para que eu o encontrasse na Arena, nem mesmo sabia que ele havia voltado da missão altamente perigosa em que havia se metido, mas me sentia feliz - e curioso -  por ele ao menos estar vivo o suficiente para conseguir mandar um bilhete.

De qualquer forma aquilo ainda poderia se encaixar nos meus planos, já que era a Arena o meu destino inicial. As pressas vesti uma bermuda, calcei meus all stars, coloquei uma blusa fechada de manga longa e peguei minha adaga e meu bastão, duas coisas a qual eu nunca largava. Sai a passos largos até meu destino, rapidamente chegando lá. Como ainda era muito cedo, eu era o único ali presente, mas felizmente Ky não demorou muito a chegar e com companhia.

- Quem é esse? - Franzi o cenho, indicando com a cabeça o garoto no minimo estranho que acompanhava ele - Estou pronto sim, mas não sabia que iriamos ter outra companhia. Estava pensando enfrentarmos um ciclope...

Armas :

Aquele que enfrenta monstros deve tomar cuidado para não se tornar um. E quando se olha muito tempo pro abismo, o abismo de olha de volta

Ele ficou curioso com o garoto que me seguia, e eu não podia culpa-lo. Olhei para o garoto que devolveu o olhar divertido. Dei mais dois passos na direção de Alef, que me olhava um pouco confuso. Imaginava a cara que faria.

- Ele é só um amigo que gosto de chamar de... – estendi o braço para o ar e abri minha mão, então disse com a voz bem firme – Sekki.

Então o garoto brilhou e sua forma foi mudando enquanto ele se aproximava em alta velocidade em minha mão, senti o cabo da espada se formando e a fechei, a katana estava ali, pronta para ser usada.

Ri com só de ver sua face se confundir. Olhei em volta e fui até onde os ciclopes ficavam presos. Haviam dois deles enjaulados prontos para o uso em treino, decidi liberar os dois, aquilo ia ficar no mínimo tenso.

- Ciclope então? Muito bem... – e abri o portão, saltando para trás e preparando minha Katana.

Arma:

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Minha cara de confusão provavelmente devia ser impagável de ser ver. Estava acostumado a ver pingentes se transformando em armas e pessoas se transformando em monstros, mas nunca, em hipótese alguma, havia visto pessoas se transformando em armas. Isso só provava o quão pouco eu sabia desse mundo o qual fazia parte.

Balbuciando baixinho tentei desfazer a confusão que se formava em minha cabeça. Antes que eu pudesse fazer uma pergunta coerente Kyros se distanciou, indo até o lugar em que os monstros ficavam presos e libertando dois ciclopes.

- Ok, as perguntas podem ficar para depois. – Falei ao liberar o mecanismo que deixava meu bastão escondido na parte de dentro da minha manga, o sentindo escorregar até estar devidamente posicionado em minha mão esquerda. Mantive os olhos atentos aos movimentos de um dos ciclopes enquanto esperava que Ky cuidasse do outro. O “gorila” de tanga estava a uma distância de uns dez metros. Ele era alguns metros mais alto do que eu, sorria perigosamente mostrando seus dentes amarelados e em suas mãos tinha um clave. Observei meu oponente com muita atenção, traçando todo seu perfil e em busca de alguma fraqueza, porém o mostro não me deu tempo para conseguir achar uma, logo investindo contra mim.

Sem tempo para lamentar, investi contra ele também. O monstro tentou acertar minha cabeça com a clave, porém o movimento foi tão premeditado que simplesmente evitei o golpe flexionando os joelhos. Aproveitei para dar um giro, pegando mais impulso para acertar com mais força o bastão na fossa poplítea da perna esquerda do monstro, o que fez ele perde um pouco do apoio, e sem perder tempo o acertei de novo no mesmo local, o fazendo ter que apoiar o joelho no chão e urrar.

Entenda, minha arma não causa exatamente os mesmo danos que uma espada. Uma espada se acertasse o crânio de uma pessoa, provavelmente o cortaria. O meu bastão não, ele mais provavelmente esmagaria. É claro que não seria uma coisa boa de ver, mas não deixa de ser eficiente. Era mais ou menos isso que estava acontecendo com o ciclope, à região que acertei iria ficar muito dolorida e roxa mais tarde, caso ele tivesse a chance de viver.

Aquele que enfrenta monstros deve tomar cuidado para não se tornar um. E quando se olha muito tempo pro abismo, o abismo de olha de volta

Alef resolveu se separar, uma escolha não tão sábia assim, mas o respeitei, indo na direção do ciclope da direita. A lâmina estava nervosa, era seu primeiro monstro.

- Relaxe. - sussurrei enquanto observava o ciclope, mirando um ponto fraco. O garoto nunca havia visto um monstro antes, era normal se assustar na primeira vez. Lembrei de quando fui cercado por centauros e ri – É assustador no começo, mas você consegue.

- C-certo. – Sua voz insegura surgiu em minha mente.

- Você é a lâmina, então provavelmente você vai definir a intensidade do corte, vamos com vontade, ele é seu inimigo, ele quer nos matar, você está lutando pela sua vida. – ouvi um “certo” em minha mente e avancei contra o ciclope, rolei entre suas pernas e, ainda de joelhos, fiz um corte horizontal em sua perna e me afastei correndo, o corte havia sido raso demais por algum motivo – Caramba! – gritei enquanto me afastava do monstrengo que me perseguia – Já disse pra você, é a sua vida!

- “Desculpe!” – suspirei e desviei de um dos socos da criatura, finquei a espada em seu braço e arranquei sua mão, Senti medo vindo da espada, mas não havia tempo para aquilo.

- Não sinta medo ou remorso, ou ambos morreremos. – disse enquanto me afastava ainda mais.

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Mesmo sabendo quem em uma situação contrária o monstro não teria piedade de mim, dei alguns paços para trás, achando que estava seguro assim. Também não queria eliminar logo o monstro, não teria graça assim – Vamos lá grandalhão, de p... – Fui impedido de continuar minha frase motivadora ao receber um murro no peito quando o monstro de virou de uma vez na minha direção, este que me jogou alguns metros pelos ares até cair encima de algo fofo. Demorei um tempo para conseguir recuperar o ar dos meus pulmões, já havia tomado golpes que me tiraram o ar, mas nada parecido com aquilo, que provocava uma ardência no peito e na garganta.

Logo que voltei à atenção para as situações ao me redor, percebi algo se mexendo e resmungando em baixo de mim, me levantei imediatamente, percebendo que não era algo, mas sim alguém, Kyros. Corando estendi a mão pra ele, o ajudando a levantar e pedindo desculpas – Acho que não foi uma boa ideia termos nos separado. – Comentei ficando costas com costas com ele, pois os monstrengos haviam tomado a inteligente decisão de nos encurralar, vindos um pela esquerda e o outro pela direita e essa era o único modo de ficar de olho nos dois – O que vamos fazer? - Perguntei ainda arfando, tirando minha adaga que estava presa ao cinto e a colocando frente ao corpo, já que meu bastão havia ido parar longe durante minha iniciação involuntária de voo.

Aquele que enfrenta monstros deve tomar cuidado para não se tornar um. E quando se olha muito tempo pro abismo, o abismo de olha de volta

Corri de encontro com Alef, e ele me derrubou. Cai de bunda no chão e suspirei irritado, céus, como alguém podia ser desastrado assim?

- Caramba. – xinguei baixinho, ele estendeu a mão para me levantar e eu a apertei, me levantando. Estávamos cercados dos dois lados, a espada parecia ficar cada vez mais nervosa com a situação, o garoto estava com medo.

Acho que não foi uma boa ideia termos nos separado.  – me virei, encarando meu inimigo, assim como ele, ficamos costa a costa, mas mesmo assim mantive meu sorriso caçoador - O que vamos fazer?

- Você sinceramente já está cansado assim, Alef? – ri, aquilo pra mim não passava de um aquecimento. Sekki, porém, estava assustado, e exausto. – Se recomponha! Conto com você pra sair dessa, e o Alef também. – falei firme para o garoto. Céus, eu estava agindo como um pai! Esperava que Alef não percebesse isso – Vamos fazer o seguinte...

Coloquei meu pé do lado esquerdo do corpo do Alef, então girei, usando seu corpo como base para movimento. Parei quando estava na frente dele. A espada agora parecia estar com vontade de lutar, ele queria me deixar orgulhoso.

Fiz um corte horizontal na barriga enorme do ciclope e aproveitei o movimento de retorno da Katana para acertar seu pescoço, golpe que o tombaria sem duvidas. Faltava somente o que estava atrás de Alef.

- Se afaste. – Disse e então me afastei de possíveis golpes, entrando em posição de guarda.

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